terça-feira, 17 de maio de 2011

Capítulo 1 - Farta dele...

Daniela estava no aeroporto perto da porta de desembarque completamente impaciente. Estava à espera de Joana, a sua menina, e já estava a morrer de saudades dela. Percebia-se perfeitamente que ela estava nervosa, visto que não conseguia parar por um segundo, pois já não via Joana há quase um ano e sentia muito a sua falta. Para Daniela, Joana era como uma irmã, e desde que a mãe de Joana morreu sentiu ainda mais a necessidade de cuidar dela visto que ficou mais frágil e triste. Joana estava a vir de Paris pois quando a sua mãe morreu ela foi viver com o seu pai, mas não gostava nada, pois dizia que era aborrecido e não tinha lá amigos, e o pai passava a vida a trabalhar. Depois de Daniela convencer os seus pais a deixá-la morar na sua casa, falaram com o pai de Joana e ele não exitou pois sabia que a sua filha não estava feliz com ele. Ficou mais de meia hora à sua espera, definitivamente o avião estava atrasado. Assim que Daniela viu Joana sair pela porta de desembarque, foram as duas a correr ao encontro uma da outra.
- Juca, que saudades! - cumprimentou Daniela abraçando-a com força.
- E eu tuas!
- Estás tão linda! - elogiou Daniela, soltando-se do abraço esboçando as duas um sorriso de orelha a orelha.
- Tu então. Fogo, estás toda boa! - brincou Joana.
- Que saudades que eu tinha da tua parvoíce. - riram-se as duas e pegaram nas malas que Joana trazia e caminharam para junto do carro de Daniela.
- 'Tou tão feliz, Dani! Finalmente saí daquele inferno. Já não estava mesmo a aguentar... Passava a vida enfiada em casa, não tens noção! Agora contigo é que vai ser! - disse Joana bastante animada.
- Pois vai. Vai ser só festa, pequenina. E este verão vai ser o melhor da tua vida! - assegurou Daniela enquanto abria o porta malas e guardavam as malas dentro, e seguidamente cada uma seguiu o lado oposto da outra, entrando no carro.
Sentaram-se nos bancos e trocaram um olhar cúmplice que foi seguido por gargalhadas prazerosas.
- E então como está o meu benfica? - perguntou Joana sem se esquecer do seu eterno clube.
- Ai amor, não sei. Sabes que eu não percebo nada disso. - relembrou-a torcendo o nariz.
- Pois é, desculpa lá. - riram-se - Ai... mas eu adoro o teu carro! Os teus pais são mesmo queridos! - disse Joana olhando promenorizadamente o interior do carro.
- Pois são. - confirmou Daniela orgulhosa.
- Bem, que saudades que eu tinha de Portugal. Aqui está tanto calor... - suspirou - Bora à praia? - sugeriu Joana entusiasmada.
- Sim, vamos. Também combinei com um amigo meu, por isso aproveito e apresento-te. - informou Daniela sorridente mas sempre com os olhos na estrada.
- Amigo ou namorado? - gozou Joana picando a amiga.
- Amigo! É mesmo só meu amigo. - disse convicta visto que era mesmo verdade.
- Se tu dizes. - riu-se suavemente.
- Mas primeiro temos de ir a casa deixar as tuas malas e vestir um bikini. - avisou Daniela calmamente.
- Está bem. - consentiu Joana e permaneceu o resto do caminho com a cabeça colada no vidro, concentrada no que se via lá fora.
Minutos depois chegaram à porta do prédio e Daniela estacionou o carro em segunda fila pois não havia lugares vagos e também porque não iam demorar muito tempo. Sairam ambas do carro, pegaram nas suas malas e entraram no prédio rapidamente. Subiram até ao 3º andar pelo elevador, e Daniela aproximou-se da porta, colocou a chave na fechadura e abriu-a seguidamente.
- Que saudades... - desabafou Joana num tom de voz baixo, quase imperceptível.
Daniela não lhe respondeu, entrou para dentro de casa e Joana seguiu atrás dela. Ela já conhecia os cantos às casa, por isso Daniela não precisou de lhe explicar muita coisa, e Joana rapidamente entrou no quarto de hóspedes.
- Este vai ser o teu novo quarto, por isso já sabes: faz o que quiseres! - disse Daniela encostada a uma parede, e de seguida voltou a sair do quarto deixando-a a ambientar-se.
Daniela entrou no seu quarto e abriu de imediato o armário à procura de um bikini. Vestiu-o, apanhou o cabelo e pouco depois estava pronta. Saiu novamente do quarto e foi em direcção à porta do quarto de Joana e bateu à porta.
- Posso?
- Sabes que sim. - informou Joana elevando o tom de voz.
Abriu a porta e entrou. Joana estava a acabar de vestir o calções, e então Daniela encostou-se à porta esperando que Joana ficasse pronta. Joana voltou a calçar os chinelos e virou-se para Daniela com um brilhozinho no olhar.
- Vamos? - perguntou pegando na mala.
- Sim.
Sairam rapidamente de casa e decidiram ir pelas escadas, e assim que desciam ouviram o som de uma buzina. Daniela aumentou o ritmo dos seus passos e quando chegou perto do seu carro percebeu que o dela estava à frente de outro, impedindo-o de sair. Aproximou-se da porta do carro e olhou para a sua esquerda e viu um rapaz agachado dentro do outro carro apitando sem parar.
- Ei, tenha calma! - refilou elevando o tom de voz mas ele não parou - 'Tá a ouvir? Pare lá que eu já vou tirar o carro! - elevou ainda mais o seu tom de voz e finalmente ele tirou o seu corpo de dentro do carro e virou-se completamente para ela.
Daniela percorreu com o olhar o seu corpo de alto a baixo e fixou no seu rosto, mas não conseguiu perceber de imediato quem se tratava pois tinha alguns fios de cabelo sobre a face, mas ela tinha a certeza que ele não lhe era estranho.
- Até que enfim! Não sabias pôr o carro noutro sítio? - perguntou o rapaz irritado, com ar superior desviando o cabelo da frente e aí Daniela reconheceu-o.
- Só podias ser tu! - desviou o seu olhar e depois de respirar fundo entrou no carro.
Joana já estava do outro lado do carro e assim que a viu entrar fez o mesmo. Daniela ligou o carro o mais rápido que pode e olhando apenas mais uma vez para o rapaz, seguiu o caminho para a praia.
- Quem era o giraço? - perguntou Joana rindo-se da situação.
- É o Vasco e é um idiota! Vou dar-te um conselho: não lhe dês conversa, ele é o maior mulherengo cá do sítio!
- Eu nunca dou conversa a nenhum rapaz depois do que aconteceu. Dos homens quero é distância. - relembrou-lhe demostrando a sua indiferença sobre o assunto.
- Oh amor, esquece isso. E como vai a dança? Não me digas que já perdeste o jeito!
- Achas?! Eu nunca perco o jeito. - disse com um ar convencido.
- E já sabes se vais entrar para a universidade? - perguntou rindo-se do jeitinho de criança de Joana.
- Ainda não sei. Eles vão dar a resposta no final do verão, mas espero bem conseguir a bolsa.
- Claro que vais conseguir! Tu danças como ninguém. - reconfortou-a pois tinha a certeza que ela iria conseguir visto que Joana possuía um talento enorme.
- Espero que sim. E tu estás preparada para o segundo ano da faculdade? - perguntou sorrindo e olhando para Daniela.
- Acho que sim mas também tenho o verão inteiro para me preparar como deve ser. - sorriu - Olha chegámos. - informou-a enquanto estacionava o carro no estacionamento da praia.
Sairam ambas do carro e Joana estava com um sorriso rasgado.
- Vem que eu quero-te apresentar o meu amigo! - puxou-a levemente fazendo-se a caminho.
- 'Bora lá.
Descalçaram os chinelos e dirigiram-se para a esplanada do bar da praia onde estava o seu amigo. Daniela conheceu-o alguns dias depois de Joana ter-se ido embora para Paris. Ele mudou-se para a sua rua e ficou na mesma turma que ela e desde aí criaram uma enorme amizade e cumplicidade. Ele era um rapaz espectacular, só era pena ser irmão do, como pensava Daniela, atrasado mental do Vasco. Daniela nunca tinha falado muito com ele, mas sabia o suficiente para o odiar, pois ele era convencido e mulherengo. Mesmo daquele tipo de rapaz que "come e deita fora", e ela detestava pessoas assim. Elas brincam com os sentimentos das pessoas e não se importam minimamente.
Daniela e Joana chegaram rapidamente à esplanada e ele já estava à espera delas.
- Olá gato! - cumprimentou-lhe Daniela.
- Olá meio-metro! - cumprimentou-lhe também, dando um abraço.
- Eu dou-te o meio-metro! Mas está bem, hoje estou demasiado feliz para me chatear contigo. - soltaram-se do abraço e Daniela ficou do lado de Joana - Bem eu quero-te apresentar a minha melhor amiga.
- E estás à espera do quê? - perguntou-lhe e Daniela desviou-se um pouco deixando-os frente-a-frente.
- Bem Joana, este feio aqui é o Eduardo, mas podes tratá-lo por Dudu que ele deixa. - riu-se e apontou para ele - E Dudu, esta é a Joana, mais conhecida por Juca. - sorriu e apontou também para ela.
Eduardo e Joana trocaram um olhar intenso, e ele ficou completamente vidrado nos olhos dela, mas pouco depois voltou a despertar-se para a vida.
- Olá Juca. - cumprimentou-lhe meio sem jeito, e deu-lhe dois beijos no rosto.
- Olá. - retribuiu ela um pouco mais envergonhada e sorriu levemente.
- Que fofinhos. - gozou Daniela apercebendo-se do clima que se tinha instalado - Agora vamos comer que eu tenho fome, e ainda quero tratar do meu bronze. - riu-se e dirigiu-se para uma mesa vazia na esplanada onde se sentou de seguida.
Eduardo e Joana vieram atrás dela a rir-se ligeiramente. Joana sentou-se do lado de Daniela e Dudu de frente para ela.
- O que querem comer? - perguntou Eduardo.
- Não sei. O que me sugerem? - perguntou Juca fazendo um sorriso radioso, que fez estremecer Eduardo.
Daniela e Dudu trocaram um olhar cúmplice e sorriram.
- Esparguete à bolonhesa! - disseram em uníssono, pois era o prato preferido de ambos.
- Então pode ser isso. - concordou Joana rindo-se.
- E três colas? - sugeriu Dudu.
- Sim. - responderam.
Entretanto Vasco estacionava o seu carro no estacionamento da praia onde sabia que o seu irmão tinha vindo. Assim que saiu do carro e começou a caminhar pela passadeira de madeira e se aproximou do bar onde vários grupos de pessoas conversavam e almoçavam animadamente um pouco distantes uns dos outros, avistou rapidamente Eduardo e Daniela, com outra rapariga que ele não conhecia. Dirigiu-se então para junto da mesa deles visto que sabia que ia encomodar Daniela, o que lhe agradava bastante.
Eduardo fez sinal ao empregado para que viesse à mesa, e ao mesmo tempo que ele se dirigia até eles, Vasco chegou também, sempre muito animado.
- Olá pessoal. - cumprimentou-os o empregado que era bastante jovem, e conhecido de Eduardo e Daniela.
- Então malta, com'é que é? - cumprimentou-os Vasco e sentou-se ao lado de Dudu ficando de frente para Daniela.
- Tipo, quem é que te disse que podias juntar a nós? - perguntou Daniela um pouco chateada.
- Calma miúda. Não posso, é? - perguntou-lhe sarcasticamente o que lhe irritou bastante.
- Não! - respondeu visivelmente contrariada.
- Acalmem-se lá. Não começem! - pediu Dudu.
- Vamos comer... Sem problemas. - disse Juca, pois ela também já tinha percebido que Daniela não gostava mesmo de Vasco.
- Já pediram? - perguntou Vasco com um ar vencedor.
- Ainda não. - respondeu Daniela friamente.
- Então o que vai ser? - perguntou-lhes o empregado.
- São três esparguetes à bolonhesa e três coca-colas. - pediu Eduardo - E tu Vasco, o que queres?
- Pode ser isso também. - respondeu descontraidamente.
- Então são quatro. - corrigiu Eduardo.
- Eu trago já. - disse o empregado educadamente.
- Obrigada. - agradeceu Daniela sorrindo enquanto o empregado se retirava.
- Então... Quem é essa loiraça linda? - perguntou Vasco a olhar para Joana.
- Tu não te cansas?! Já não tens miúdas que cheguem?! - perguntou Daniela irritada.
- Tem calma, miúda. Só perguntei porque nunca a tinha visto por aqui. - justificou-se calmamente.
- Eu sou a Joana. - apresentou-se para acalmar o clima que se tinha instalado.
- Olá! Eu sou o Vasco. - sorriu e Juca retribuiu.
- Então Juca, moravas onde? - perguntou Eduardo.
- Em Paris. - esboçou um sorriso nervoso.
- Vous parlez francais? - perguntou-lhe Dudu em tom de brincadeira.
- Un petit peu, mais pas beacoup. - respondeu alinhando na brincadeira.
- Elle n'aime pas les français. - juntou-se também Daniela, tentando abstrair-se da presença de Vasco.
- E se vocês falassem português para eu entender? - ripostou Vasco completamente alheio à conversa.
- Se não fosses burro percebias! - disse Daniela chateada.
- Mas tu pensas que estás a falar com quem, miúda? - perguntou-lhe elevando um pouco o tom de voz.
- Com um idiota que tem a mania que é bom! E pára de me chamar miúda que eu não te conheço de lado nenhum! - ordenou exaltada.
- Mas qual é o teu problema?! - perguntou suspirando.
- Tu! - respondeu elevando novamente o tom de voz.
- Epá, vocês importam-se?! Crianças! - refilou Eduardo, encomodado com a situação.
- Ela é que começou. Trata-me sempre assim! - culpou-lhe Vasco chateado.
- Que cavalheiro que tu és! - ironizou Daniela revirando os olhos.
Entretanto o empregado chegou com os seus pedidos, e logo de seguida retirou-se e começaram todos a comer.
- Então Joana, o que estavas a fazer em Paris? - perguntou-lhe Vasco.
- A minha mãe morreu e eu fui para lá viver com o meu pai. - o seu sorriso desvaneceu-se por momentos, mas recompôs-se de seguida.
- Ah, desculpa... Eu não sabia. - pediu Vasco visivelmente atrapalhado.
- Não tens de pedir desculpa. - esboçou um pequeno sorriso.
- Estás a gostar da comida, Ju? - perguntou-lhe Dudu para mudar de assunto.
- Sim, muito. - um sorriso iluminou-lhe o rosto.
Continuaram a comer e a falar alegremente. Eduardo não conseguia tirar os olhos de Joana, e Vasco e Daniela continuavam a picar-se. Quando terminaram, pagaram e decidiram ir à praia. Esticaram as suas toalhas e Juca sentou-se na dela. Seguidamente Eduardo tirou a sua camisola e sentou-se na sua toalha ao lado da de Juca. Daniela despiu o seu vestido, e Vasco estava com os olhos fixos no seu corpo.
- Perdeste alguma coisa? - perguntou Daniela chateada e um pouco constrangida.
- Não. - respondeu acordando do seu transe - Mas não achas que devias de fazer uma dieta? - perguntou num tom provocador, tentando disfarçar realmente o seu motivo por estar a olhar para ela.
- Vai-te lixar, estúpido! - sentou-se na tua toalha irritada e ele riu-se.
Vasco despiu a sua camisola e por breves segundos os olhos de Daniela prenderam-se no seu corpo, mas rapidamente umas mãos a agarralhar-lhe por trás dele atrapalhou-lhe a visão.
- Olá lindo! - cumprimentou-o uma rapariga muito bonita.
Ele virou-se ficando de frente para ela, e agarrou-lhe na cintura puxando-a um pouco contra si, o que fez com que Daniela ficasse chateada.
- Olá meu amor. - disse num tom sedutor.
- Não queres ir dar um mergulho comigo? - perguntou-lhe a rapariga com um sorriso matreiro.
- Eu depois vou. É que agora estou a falar com o pessoal, gata. - recusou continuando com o mesmo tom de voz.
- 'Tá bem, mas depois sabes onde me podes encontrar. - piscou-lhe o olho.
"Que rapariga mais fácil", pensou Daniela revirando os olhos.
- Claro, bebé. - largaram-se e a rapariga correu em direcção ao mar.
- Tu naõ tens imenda. - contestou Eduardo, enquanto Juca se ria timidamente.
- Epá, a miúda até é boa mas é muito colas. - disse Vasco a rir-se.
- Tu és tão otário. - desabafou Daniela.
- E tu tens a mania da perseguição! - Vasco deitou-se na toalha mas continuou a olhar para Daniela.
- Vocês são tão chatos! Não se cansam? - refilou Joana.
- Ela é que é infantil. - justificou Vasco provocando-a.
- Morre, pá! - disse Daniela sem pensar.
- Até morria mas depois sentias a minha falta. - continuou a provocá-la enquanto Joana e Eduardo se riram.
Daniela não lhe respondeu, limitou-se a pensar "que idiota que ele é", e estendeu a sua toalha a apanhar sol, enquanto Joana e Dudu conversavam alegremente e Vasco mexia no telemóvel. Algo lhe dizia que aquela "bela" tarde não ia ficar por ali...

1 comentário:

  1. Acho que vou adorar :D
    Mais uma para ler :) :)
    Estou mesmo a gostar, beijinho
    Ana Sousa* - http://respirarde23.blogspot.com

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